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Japão diz que pode derrubar foguete norte-coreano

O Japão pode legalmente derrubar qualquer objeto perigoso caindo na direção do país, disse o principal porta-voz do governo nesta sexta-feira, 13, um dia depois de a Coreia do Norte ter anunciado o lançamento planejado de um foguete que atravessaria o território japonês. Pyongyang informou agências globais sobre seus planos de lançar um satélite entre 4 e 8 de abril, colocando um desafio ao novo presidente dos EUA, Barack Obama, e aliados, que vêem no lançamento um teste de míssil disfarçado.

"Sob a nossa lei, nós podemos interceptar qualquer objeto que estiver caindo em direção ao Japão, incluindo qualquer ataque ao Japão, pela nossa segurança", disse o secretário-chefe do gabinete ministerial japonês, Takeo Kawamura, em uma coletiva de imprensa. Essa prerrogativa exclui a queda acidental de aeronaves, acrescentou.

A Coreia do Norte afirmou que o primeiro estágio do foguete cairá no mar do Japão, enquanto o segundo rumará para o oceano Pacífico. Os norte-coreanos afirmaram também que retaliarão caso seu foguete seja derrubado. O Japão tem um sistema de defesa de mísseis balísticos de duas fases criado em cooperação com os Estados Unidos, mas um foguete destinado a lançar um satélite em órbita pode viajar a uma altura grande demais para que Tóquio possa interceptá-lo.

Os japoneses reiteraram que, mesmo que a Coreia do Norte insista que está lançando um satélite, isso ainda contraria resoluções do Conselho de Segurança da ONU. "Nós vamos fortemente pedir o cancelamento de qualquer lançamento", disse o primeiro-ministro Taro Aso a jornalistas.

Fronteiras fechadas

A Coreia do Norte voltou a fechar os pontos de passagem da fronteira terrestre com o Sul, e proibiu a saída de cidadãos sul-coreanos que trabalham no complexo industrial de Kaesong, conforme informou a agência de notícias local Yonhap. O regime comunista já havia fechado na segunda-feira passada a fronteira para reabri-la no dia seguinte, em protesto contra as manobras militares conjuntas dos exércitos de Estados Unidos e Coreia do Sul. Na ocasião, Pyongyang qualificou os exercícios militares como o prelúdio de "uma segunda Guerra da Coreia".

A ligação entre as duas Coreias pode permanecer fechada até a próxima sexta-feira, data em que as manobras terminam, informou a Yonhap. O presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, disse que Pyongyang deve parar com as ameaças a civis, depois que 275 pessoas que deviam retornar à Coreia do Sul procedentes do complexo industrial que ambos os países administram, o conseguissem fazer ainda nesta sexta. Do mesmo modo, Pyongyang denegou a entrada programada de outros 600 sul-coreanos ao complexo industrial conjunto de Kaesong.

Cerca de 90 empresas sul-coreanas operam neste complexo industrial, símbolo da cooperação intercoreana, que reduziu suas operações devido às contínuas restrições norte-coreanas em protesto contra a política do governo conservador de Seul. "A Coreia do Norte está nos ameaçando em todas as áreas, incluindo por terra, ar e mar", assegurou o líder.

Na segunda-feira, a Coreia do Norte cortou todos os canais de comunicação militar com o Sul e as passagens fronteiriças. Após a reabertura da fronteira na terça, as duas Coreias coordenaram a passagem de trabalhadores às zonas conjuntas de Kaesong e do monte Kumgang através de cartas, já que a rede de integração militar continuava suspensa. Lee pediu reciprocidade a Pyongyang e lembrou que seu Governo garante a segurança dos navios comerciais que navegam ao longo da costa oeste sul-coreana até as águas do Norte.

Fonte: Estadão