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Equipe de Obama prepara carta para abrir diálogo com o Irã

O governo Barack Obama prepara uma carta dirigida ao povo iraniano, que Washington espera que contribua para melhorar as relações entre os dois países e abra a porta a conversas diretas bilaterais. É o que revela a edição desta quinta-feira, 29, do jornal britânico The Guardian, que aponta que funcionários do Departamento de Estado trabalham em diferentes esboços dessa carta desde a eleição do novo presidente, em 4 de novembro.

A carta em questão é resposta a um longo desejo de felicitação que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, enviou a Obama em 6 de novembro. Segundo diplomatas dos Estados Unidos consultados pelo jornal, o envio da carta por parte de Obama constituiria um gesto simbólico que imporia um tom diferente do hostil adotado pelo Governo George W. Bush. Embora o tom seja conciliatório, a carta faz uma chamada a Teerã para que ponha fim ao que os EUA consideram patrocínio estatal ao terrorismo.

A nova secretária de Estado americana, Hillary Clinton, está estudando a carta, que pode fazer parte de uma drástica revisão da política americana em relação ao Irã. A carta assegura que Washington não quer provocar a queda da administração iraniana, e em vez disso busca mudanças em seu comportamento. Ela deve ser enviada diretamente ao líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, ou publicada como uma carta aberta.

Os EUA romperam relações diplomáticas com o Irã depois que estudantes tomaram a embaixada americana em Teerã na revolução islâmica de 1979. As suspeitas norte-americanas de que o Irã desenvolve armas atômicas - o que Teerã nega - e a presença de milhares de soldados norte-americanos em dois países fronteiriços ao Irã (Iraque e Afeganistão) são os principais empecilhos à retomada das relações nos últimos anos.

O novo governo dos EUA disse que Obama, que tomou posse há nove dias, pretende manter um diálogo direto com Teerã, ao contrário de seu antecessor, George W. Bush. Mas a nova administração democrata alerta também que manterá a pressão para que o Irã suspenda suas atividades de enriquecimento de urânio, conforme determinado pelo Conselho de Segurança da ONU.

Um assessor de Ahmadinejad disse na quarta-feira à Reuters que o Irã não pretende restringir suas atividades nucleares. "Não temos atividades não-pacíficas a serem suspensas. Todas as nossas atividades são pacíficas e sob a supervisão da AIEA", disse o consultor presidencial Aliakbar Javanfekr.

Fonte: Efe