Fritzl admite culpa por estupro e incesto, mas nega assassinato

Começa julgamento do austríaco que prendeu a própria filha por 24 anos num porão e gerou 7 filhos com ela

30/09/2015 19h06
Fritzl admite culpa por estupro e incesto, mas nega assassinato
A8SE

Elisabeth vivia no porão há 24 anos com os filhos que teve com seu pai (Reuters)

Josef Fritzl, o homem que aprisionou a própria filha durante 24 anos num porão em sua casa e gerou sete filhos com ela (um morreu após o parto), declarou-se culpado nesta segunda-feira, 16, das acusações de estupro, incesto e cárcere privado, porém afirmou que é inocente das acusações de assassinato de um dos sete filhos e "escravidão", embora tenha reconhecido "parcialmente" sua culpabilidade por delitos sexuais. Usando um casaco cinza, Fritzl entrou no tribunal ladeado por seis policiais e segurando uma pasta azul em ambas as mãos para evitar que lhe fotografassem o rosto. Ele permaneceu em silêncio e imóvel, ignorando questões de equipes de TV antes de antes que o juiz e o júri entrassem e as câmeras fossem retiradas do recinto. O caso veio à tona há menos de um ano, quando uma das filhas de Fritzl com sua filha Elisabeth ficou seriamente doente e teve que ser levada a um hospital. Além de prender a filha e as crianças no porão, Fritzl teria ainda incinerado num forno de sua casa um bebê que teve com a filha Elisabeth e que teria falecido logo após o parto. A acusação classifica o ato como um assassinato por negligência porque Fritzl não buscou ajuda para o bebê, cujo corpo foi queimado em um forno. O advogado de Fritzl argumentou que a acusação de escravidão era inapropriada e que ele contestaria a acusação mais grave, de assassinato. Segundo a BBC, a Justiça do país estipulou uma duração de cinco dias para o julgamento e um veredicto é esperado para a sexta-feira à tarde no horário local. Fritzl pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado de assassinato. De acordo com especialistas austríacos em Direito, livrar-se da acusação o livraria da sentença de prisão perpétua e lhe daria a perspectiva de uma pena relativamente branda: 15 anos de prisão pela pena mais alta, a de estupro. De acordo com as leis austríacas, após sete anos e meio de pena ele teria direito a pleitear a liberdade. Ao apresentar as acusações contra Fritzl, a promotora Christiane Burkheiser falou do "martírio inimaginável" sofrido por Elisabeth, hoje com 43 anos. A acusadora admitiu que o réu "respondeu a todas as perguntas" da Promotoria, mas destacou que Fritzl "não mostrou nenhum tipo de remorso" pelo que fez. Burkheiser também lembrou que, nos primeiros nove anos de cativeiro, a vítima tinha viveu num espaço de 11 metros quadrados, "às vezes com três filhos pequenos e grávida". Segundo a promotora, já no segundo dia do cárcere, que teve início em agosto de 1984, Elisabeth, então com 18 anos, foi estuprada pelo pai no porão, onde "não havia água quente, ducha, calefação, luz do dia ou ventilação com ar fresco". O advogado de defesa Rudolf Mayer pediu ao júri que seja objetivo e não se deixe levar pelas emoções. Ele declarou que Fritzl "não é um monstro". A juíza responsável, Andrea Humer, não quis fazer nenhum comentário sobre o caso, apenas afirmando que "é um processo como qualquer outro". Humer esteve presente durante a gravação do depoimento de Elisabeth Fritzl, a filha de Josef, feito em vídeo e com a duração de onze horas. Mas a promotora Christiane Burkheiser já adiantou que a gravação não será exibida na íntegra durante o julgamento. As autoridades austríacas tomaram medidas para resguardar a privacidade de Elisabeth Fritzl e seus filhos durante esta semana, colocando-os sob a proteção de médicos e policiais na clínica de Amstetten-Mauer, com o objetivo de evitar o assédio dos paparazzi. Há alguns meses, Elisabeth vive com a família sob uma nova identidade na região da Áustria Alta, mas em dezembro um fotógrafo captou imagens de um passeio dela e as fotos foram publicadas num jornal inglês, causando indignação na opinião pública austríaca. As deliberações serão feitas sem a presença da imprensa. Estima-se que 200 jornalistas tenham chegado à cidade para acompanhar o julgamento, mas eles terão acesso ao tribunal apenas durante a leitura das acusações, no início, e do veredicto, ao final do processo. Um porta-voz do tribunal dará declarações sobre o transcorrer do julgamento uma vez por dia.

Fonte: Estadão

 

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