Após um ano de conflitos, governo argentino anuncia acordo com produtores rurais

30/09/2015 19h05
Após um ano de conflitos, governo argentino anuncia acordo com produtores rurais
A8SE

O ministro do Interior da Argentina, Florencio Randazzo, anunciou nesta terça-feira a assinatura de um acordo com os líderes agrários sobre a produção de trigo, leite e carnes, ao final de uma reunião que teve a participação da presidente Cristina Kirchner, depois de um ano de conflitos entre o governo e os líderes sobre os impostos às exportações de grãos.

"Chegamos a um acordo", disse Randazzo, que manifestou a esperança do governo sobre "o fim do conflito para que todos os setores possam, finalmente, retomar sua vida econômica e trabalhar para superar este difícil momento, marcado pela crise internacional".

A ministra da Produção, Débora Giorgi, disse que o acordo contempla distintos benefícios para a produção de trigo, leite e carne, e para as economias regionais. O conteúdo do pacto foi definido durante uma reunião entre os dirigentes das quatro maiores entidades rurais do país com a ministra de Produção, Débora Giorgi.

A surpresa foi a presença da presidente Cristina Kirchner, com quem os líderes rurais não se encontravam desde junho de 2008.

"A presença da presidente foi determinante para chegar ao acordo, que é muito positivo, um grande avanço. Esperamos que o conflito tenha chegado ao fim", disse o ministro do Interior, Florencio Randazzo, que também estava na reunião que durou cerca de seis horas.

Mario Llambías, dirigente das Confederações Rurais Argentinas, se disse satisfeito com o encontro e disse que as conversas com o governo devem continuar.

"Esta reunião começou a destravar alguns temas. Temos consciência da gravidade da situação, tanto do país como do setor produtivo, e queremos encontrar soluções", disse.
Confrontos

No ano passado, os produtores puseram em xeque a presidente com greves e bloqueios de estradas, até conseguirem, no Congresso, derrotar uma proposta do governo de aumento dos impostos sobre as exportações agrícolas, em julho. A votação ficou empatada no Senado e o voto decisivo, contra o projeto do governo, foi dado pelo vice-presidente da Argentina, Julio Cobos.

A votação encerrou um conjunto de protestos dos produtores agropecuários argentinos, que teve início em março de 2008, quando foi decretado o aumento de impostos. Durante mais de 120 dias, os produtores decretaram um locaute rural, com tratoraços --bloqueios de estradas-- e suspensão da venda de alimentos, que levou a desabastecimento em várias cidades. Em apoio aos dois lados, milhares de pessoas foram às ruas.

Houve protestos e locautes neste ano, mas o contexto internacional mudou muito desde o início dos conflitos. No primeiro semestre de 2008, o mundo vivia a inflação de commodities, com altos preços dos produtos agrícolas, no entanto, a partir do segundo semestre, os efeitos da crise financeira derrubaram as cotações.

Fonte: Efe

 

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