Distúrbios na ilha francesa de Guadalupe deixam um morto

População está em greve há um mês por aumento de salário, pedido negado pelo governo da França

30/09/2015 19h04
Distúrbios na ilha francesa de Guadalupe deixam um morto
A8SE

 

AP

Um manifestante foi morto a tiros na madrugada desta quarta-feira, 18, na ilha francesa de Guadalupe, no Caribe, revelou o principal funcionário da administração local. Semanas de greves e protestos trabalhistas degeneraram em violência no território.

A morte foi a primeira desde o início dos protestos, no mês passado, e pode marcar um aprofundamento das tensões, que se espalharam para a também francesa ilha da Martinica e preocupam o governo central em Paris. A ministra de Interior, Michele Alliot-Marie, convocou uma reunião especial nesta quarta para discutir a segurança nas ilhas caribenhas, que são parte da França.

Paris se recusa a atender as exigências dos manifestantes de aumentos nos salários, apesar de quatro semanas de paralisações por menores preços e mais salários terem fechado lojas e escolas e praticamente paralisado o cotidiano em Guadalupe.

Os líderes empresariais concordaram na terça-feira em cortar em 20% os preços nos supermercados, apesar da recusa inicial. Cerca de 450 mil pessoas vivem em Guadalupe, uma ilha montanhosa e verde com praias de areia branca. Milhares de turistas deixaram o local ou cancelaram viagens, por causa da tensão.

O manifestante, com cerca de 50 anos, foi morto aparentemente por manifestantes em barricadas em um projeto habitacional em Pointe-a-Pitre, revelou Nicolas Desforges, principal funcionário na ilha. A vítima é Jacques Bino, um fiscal da receita e também sindicalista, que voltava para casa após participar dos protestos, revelou Desforges por telefone.

Policiais e funcionários do setor de emergência foram chamados para socorrer o homem em seu carro, por volta da meia-noite.Na hora em que a polícia conseguiu chegar até Bino, ele já estava morto. Três policiais ficaram feridos nos distúrbios da noite, um deles com um tiro no olho. O funcionário apontou que a ilha enfrenta "séria violência urbana".

Por trás dos protestos está também o ressentimento dos afro-caribenhos, muitos dos quais descendentes de escravos, enquanto a grande maioria da riqueza da ilha está nas mãos dos descendentes dos colonizadores. Desforges disse que não estava claro se o aeroporto, bastante prejudicado pela violência nos últimos dias pois seu pessoal não consegue chegar ao trabalho, reabriria nesta quarta-feira. Os trabalhadores exigem um aumento mensal de 200 euros (US$ 250), para os que recebem baixos salários, atualmente perto dos 900 euros (US$ 1.130) por mês.

 

Fonte: Estadão

 

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