Lei da Copa 2014 obedece à Fifa, limita meia-entrada e libera álcool

30/09/2015 20h50
Lei da Copa 2014 obedece à Fifa, limita meia-entrada e libera álcool
A8SE

O deputado Vicente Cândido (PT-SP) apresentou nesta terça-feira (6) o relatório para a Lei Geral da Copa. E ele veio sob medida aos interesses da Fifa. Os pontos mais controversos, como a venda de bebidas alcoolicas e a liberação da meia-entrada, acabaram sendo moldados para não prejudicar os interesses da entidade máxima do futebol.

Vicente Cândido também acabou cedendo à pressão da Fifa pela liberação da venda de bebidas alcoolicas. O deputado incluiu na Lei Geral da Copa uma alteração ao Estatuto do Torcedor para que seja permitida a venda e o consumo, mas apenas em bares e restaurantes localizados nos estádios de futebol.

A alteração na lei acontece em momento delicado para o presidente da CBF e do COL, Ricardo Teixeira, e vem a calhar com a nova organização do Comitê Organizador Local. Acusado de cometer crimes no Brasil e no exterior, o cartola está sob a mira da Polícia Federal e da Fifa. João Havelange, ex-sogro de Teixeira, também está sendo investigado e renunciou na terça-feira (5) à vaga de membro do COI (Comitê Olímpico Internacional).

Em uma manobra para tirar os holofotes da Copa sobre si, Teixeira, anunciou o ex-jogador Ronaldo como membro do conselho de administração do COL. Ronaldo mantém contratos de patrocínio com a mesma empresa que produz a cerveja que será vendida pela Fifa durante a Copa.

Para alguns deputados, no entanto, essa ligação parece não criar embaraços nem para Teixeira, nem para a Fifa e muito menos para o governo. O próprio Vicente Cândido é o primeiro a marcar posição.

- Estou aqui dialogando com todas as posições, sem nenhuma discriminação. Estamos procurando fazer um relatório fidedigno ao que ocorreu nas Copas anteriores e ao que queremos na Copa de 2014. Todas esses eventos vendem bebidas alcoolicas nos estádios. Porque haveríamos de proibir isso se o próprio evento contará com uma segurança diferenciada?

Em enquete informal promovida pelo R7 junto aos parlamentares, a posição defendida por Cândido conta com maioria. Foram ouvidos 42 deputados e senadores sobre a liberação das bebidas nos estádios e apenas cinco se mostraram contrários.

Um deles é o deputado Rubens Bueno (PPS-PR). Atleticano convicto e frequentador de jogos, o deputado questionou a liberação da venda logo após a apresentação do relatório.

- O Estatuto do Torcedor foi um avanço muito grande. Tenho dúvida quanto ao restabelecimento da bebida nos estádios. O Estatuto fala da entrada com bebidas e da permanência com o recipiente contendo a bebida. Esse relatório aqui libera geral. Não é questão apenas de segurança, mas da liberdade de todos. O fumo está sendo combatido. As famílias têm o direito de não serem obrigada a conviver com isso.

Além disso, contrariando a previsão de que pudesse haver um aumento no número de ingressos populares, Cândido acabou acatando a orientação da Fifa.

Pelo relatório apresentado, dos cerca de 3 milhões de ingressos que serão colocados à venda para as partidas da Copa do Mundo de 2014, apenas 300 mil serão disponibilizados na categoria 4. A abertura da Copa está fora da regra e não terá ingressos mais baratos.

Também foi criada uma subdivisão nessa categoria: 150 mil bilhetes para estudantes e idosos e 150 mil para indígenas e beneficiários do Bolsa Família.

O deputado estabeleceu no relatório uma regra para o preço dos ingressos. O valor deles terá de ser, obrigatoriamente, metade daqueles vendidos na categoria 3. Como a Fifa ainda não divulgou a tabela de preços, ainda não se sabe ao certo por quanto eles serão vendidos. Deputados ligados ao COL (Comitê Organizador Local), no entanto, estimam que deverá ficar em torno de R$ 50.

A pedido dos deputados membros da comissão especial da Copa, foi declarado visto coletivo para que os parlamentares pudessem estudar melhor o assunto. A votação da Lei Geral da Copa está marcada para próxima terça-feira (13).

Fonte: R7

 

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