Jovem sergipano mantém reféns em creche como prova de amor

30/09/2015 19h40
Jovem sergipano mantém reféns em creche como prova de amor
A8SE

Após mais de 6 horas de negociações, o jovem de 17 anos que mantinha três pessoas reféns dentro de uma creche em Santos, no litoral paulista, libertou as vítimas. Ele se entregou por volta das 16 horas de ontem (14), e em seguida foi encaminhado à delegacia da Infância e da Juventude da cidade.

Os três reféns saíram ilesos e foram levados ao pronto-socorro pela viatura do Corpo de Bombeiros para averiguação de rotina. A negociação final foi acompanhada pelo promotor Carlos Alberto Carmello Junior, da Vara da Infância e da Juventude da cidade, a pedido do menor para que sua integridade fosse mantida.

De acordo com o presidente da entidade filantrópica Estrela Guia, Walter Tavares da Silva, nenhuma criança teve contato com o suspeito. Cerca de 80 crianças foram retiradas do local, pouco tempo depois do início do incidente.

Natural de Sergipe, o rapaz, que não tem parentes na região, mora há cerca de três meses com uma das vítimas, a cozinheira Marília de Jesus Santos, de 46 anos, com quem mantém um relacionamento. O motivo da invasão seria ciúmes.
Durante a manhã, segundo o comandante, o adolescente exigiu a presença de um ex-namorado da cozinheira, mas o pedido foi negado. Por volta das 13h30, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) chegou ao local. Cerca de 15 homens com viaturas do esquadrão antibombas estavam do lado de fora do imóvel.

Antes da invasão, o adolescente identificado como Fábio furtou uma faca em um açougue. Ele usa a faca para ameaçar as vítimas. Além da ex-namorada estão em cárcere o coordenador da creche, José Carlos de Jesus Reis, de 24 anos, e uma monitora. O criminoso e as três vítimas ficaram isolados em um cômodo do local enquanto a polícia negociava do lado de fora. Uma menina de 12 anos estava entre os reféns, porém, ela foi liberada sem ferimentos após negociação com a polícia.

Por Ciúmes - A cozinheira Marília de Jesus dos Santos, de 46 anos, disse que o jovem de 17 anos que manteve ela e outras três pessoas reféns nesta segunda-feira (14) em uma creche em Santos, a 72 km de São Paulo, justificou a atitude afirmando que era "uma prova de amor". Os dois moravam juntos há quatro meses, mas tinham rompido o relacionamento neste domingo (13). "Ele só falou que estava fazendo isso porque me amava muito, que era uma prova de amor", contou.

O casal se conheceu em um forró há cerca de um ano. O relacionamento começou há quatro meses e o jovem foi morar na casa da cozinheira. Era o quinto casamento da mulher, que tem cinco filhos - a mais velha, de 28 anos. "Ele dizia que tinha 22 anos, descobri depois [a idade verdadeira]. Mas já estava envolvida", afirmou a cozinheira.

Ela acredita que o ciúmes levou o jovem a manter as quatro pessoas reféns nesta segunda-feira. "Foi ciúmes, de uns 15 dias para cá ele cismou com meu vizinho e meu ex-marido", disse Marília. Segundo ela, o jovem mantinha as janelas que eram viradas para a casa do vizinho fechadas. O adolescente também a acompanhava até a creche, onde a cozinheira trabalha há 13 anos, todos os dias. A casa da família fica bem em frente à creche.

Marília dos Santos diz que o ciúmes a levou a romper o relacionamento. Nesta segunda-feira (14), completariam quatro meses que os dois estavam juntos. "Terminei no domingo porque ele estava me mantendo como uma prisioneira", afirmou. Apesar disso, ela nega que o namorado era agressivo. "Ele é normal, só tem ciúmes mesmo. Ele nunca me agrediu."

Na delegacia, a filha da cozinheira Cristina dos Santos, de 28 anos, falou sobre o ex-namorado da mãe. "Ele era uma pessoa sossegada, eu nunca imaginava porque nunca o vi nervoso", contou. Segundo Marília, o jovem se dava bem com seus filhos. Três deles moram na residência. "Eles se davam muito bem", afirmou.

Chorando muito na delegacia, onde o caso era registrado por volta das 19h15 desta segunda-feira, Marília disse que sente "muita pena" do adolescente. Segundo ela, o jovem é sozinho em Santos, pois a família mora em Sergipe. Apesar de dizer que não pretende voltar a morar com o adolescente, ela confessa: "Eu gosto dele, sim".

Reféns - Quando invadiu a Escola de Educação Infantil Estrela Guia, por volta das 9h45, o jovem usava uma faca que furtou de uma açougue nas proximidades, segundo a polícia. As cerca de 240 crianças atendidas na creche, que também funciona como centro de convivência, saíram logo depois.

Uma menina de 12 anos, uma monitora, o coordenador-pedagógico da creche e a cozinheira foram mantidos reféns. A criança deixou o local por volta das 13h, após negociação com a polícia. Os outros três foram liberados, sem ferimentos, às 16h30. O adolescente completará 18 anos no dia 26 de setembro e foi levado para a Delegacia da Infância e da Juventude do município.

Fonte: Agência Estado

 

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