Delúbio visita petistas no Congresso e pede para voltar ao partido

Em carta de três parágrafos entregue ontem ao presidente da sigla, deputado Ricardo Berzoini, Delúbio disse que sofreu uma pena dura e que merece uma segunda chance

30/09/2015 19h06
Delúbio visita petistas no Congresso e pede para voltar ao partido
A8SE

Tesoureiro do PT durante o escândalo do mensalão, Delúbio Soares pediu para voltar ao partido. A cúpula simpatiza com o retorno, que depende de votação do diretório nacional.

Em carta de três parágrafos entregue ontem ao presidente da sigla, deputado Ricardo Berzoini, Delúbio disse que sofreu uma pena dura e que merece uma segunda chance. À tarde, o ex-tesoureiro visitou gabinetes petistas no Congresso, num lobby pela sua reabilitação. Não deu declarações, só sorrisos.

Berzoini prometeu a Delúbio, expulso no auge do escândalo, em 2005, que colocará o pedido em votação na próxima reunião do diretório, em maio. O deputado preferiu não comentar ontem o assunto: "Tenho a obrigação de conduzir esse processo, portanto, não falo sobre seu mérito".

O mensalão foi revelado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em entrevista à Folha, em junho de 2005. Na essência, foi um esquema de repasse de recursos do PT, coordenado por Delúbio, para deputados do partido e de legendas aliadas ao governo. O dinheiro era canalizado pelo publicitário Marcos Valério.

Há pelo menos um ano Delúbio vem pavimentando seu retorno ao PT. O ex-tesoureiro viajou para vários Estados organizando plenárias com a militância, nas quais propagandeava sua lealdade ao partido que ajudou a fundar e a suposição de que nunca se beneficiou do esquema. Nas entrelinhas, o recado era o de que assumiu o ônus da culpa calado.

Segundo relatos de pessoas influentes na máquina partidária, a volta de Delúbio tem muita simpatia na legenda. Sua mulher, Mônica Valente, é integrante do diretório, e ele conta com o apoio do ex-ministro José Dirceu --apontado como "chefe da quadrilha" do mensalão no inquérito que corre sobre o caso no STF (Supremo Tribunal Federal), no qual Delúbio também é réu. Todos negam irregularidades.

"Os argumentos dele fazem sentido. Pretendo avaliar com calma o pedido", disse o líder do partido na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), um dos visitados pelo ex-tesoureiro.
Paulo Ferreira, sucessor de Delúbio na tesouraria, afirma que o partido tem de discutir. "Se o Delúbio formalmente quer voltar, o PT tem de pautar. Ele merece que isso seja feito rapidamente, em nome de 25 anos de sua militância", afirma.

Como tesoureiro, Ferreira tem como sua maior função tentar reverter o desastre financeiro do partido causado pelo esquema de Delúbio. O rombo permanece em cerca de R$ 40 milhões.

O ex-tesoureiro mantém uma sólida base de apoio político no PT, principalmente na ala Construindo um Novo Brasil, majoritária na legenda. No entanto, deverá encontrar resistências na chamada "esquerda" partidária e na ala ligada ao ministro Tarso Genro (Justiça) a Mensagem ao Partido.

Fonte: Folha Online

 

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