Edmar Moreira não convence sobre uso da verba indenizatória

Moreira tentou convencer os deputados de que usou recursos da verba indenizatória em empresas de segurança da sua família

30/09/2015 19h06
Edmar Moreira não convence sobre uso da verba indenizatória
A8SE

Em mais de três horas de depoimento, o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) não conseguiu convencer a comissão de sindicância da Câmara que investiga o parlamentar de que usou devidamente os recursos da verba indenizatória em suas empresas de segurança. Apesar do depoimento ser sigiloso, como previsto pelo regimento da Casa, integrantes da comissão demonstraram insatisfação com a versão apresentada pelo parlamentar.

Moreira tentou convencer os deputados de que usou recursos da verba indenizatória em empresas de segurança da sua família. O PSOL, que ingressou com representação na Corregedoria da Câmara contra o parlamentar, sustenta que Moreira é suspeito de apresentar notas fiscais de suas empresas de segurança para justificar gastos da verba. Desde 2007, 65% dos recursos a que o deputado teve direito foram usados por ele para a contratação de segurança.

O deputado teria usado notas fiscais de duas de suas empresas de segurança que não estão em funcionamento e mergulhadas em dívidas para justificar gastos com a verba indenizatória --R$ 15 mil mensais destinados a todos os parlamentares para auxílio de seus mandatos.

As empresas são a Ronda Equipamentos e Serviços de Segurança Ltda. e Centro de Formação e Treinamento de Segurança Itatiaia Ltda., ambas com sede em São Paulo. De acordo com registros da Junta Comercial do Estado, elas ainda pertencem a Edmar e a sua mulher, Júlia Fernandes Moreira, que possuem 50% das cotas cada um.

No depoimento, Moreira apresentou documentos comprovando que a Itatiaia não está mais em seu nome. Quando à Ronda, a empresa ainda estaria em nome do parlamentar.
A expectativa é que o relator do processo contra Edmar, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), acelere a análise do caso para concluí-lo na próxima semana.

O corregedor da Câmara, deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), disse que os integrantes da comissão não podem revelar detalhes do depoimento sob pena de violarem a regra do sigilo prevista pela Casa. ACM Neto disse apenas que o depoimento foi decisivo para que a comissão defina os próximos passos das investigações.

"O depoimento foi importante para a investigação. Não faço juízo de valor se as perguntas foram respondidas ou não. O próximo passo será examinar os documentos que estão chegando na comissão até sexta-feira. O relator caminha para apresentar o seu parecer", afirmou.

Silêncio

Cercado por jornalistas, Moreira deixou a Corregedoria da Câmara sem fazer declarações. O parlamentar estava acompanhado do seu filho, Leonardo Moreira (DEM), que é deputado estadual, mas participou da audiência como seu advogado. "O deputado solicitou o acompanhamento do seu filho. Ao longo da reunião, ele [Leonardo] eventualmente assessorou o deputado com subsídio técnico, jurídico e material", afirmou ACM Neto.

Moreira tentou driblar a imprensa ao deixar a Corregedoria saindo por um corredor alternativo --como fez para chegar ao local. Sem saída, acabou por enfrentar os jornalistas que lhe aguardavam, mas permaneceu o trajeto entre a Corregedoria e o seu gabinete calado.

Fonte: Folha Online

 

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