Lula aumenta repasse para UNE em 20 vezes

Verba, por convênio ou emenda, saltou de R$ 199 mil para R$ 4,5 milhões em cinco anos; entidade garante que é independente e ``incomprável``

30/09/2015 19h05
Lula aumenta repasse para UNE em 20 vezes
A8SE

Beneficiada nos últimos cinco anos com R$ 10 milhões em verbas federais oriundas de convênios ou emendas parlamentares, a União Nacional dos Estudantes (UNE) garante que "mantém sua independência e não é comprável por nenhum governo". Quem afirma é a presidente da UNE, Lúcia Stumpf, que atribui a abertura das torneiras - os repasses aumentaram em mais de 20 vezes - ao maior acesso oferecido pelo governo Lula: "Nos anos de Fernando Henrique, tínhamos muita dificuldade de diálogo."

O repasse saltou de R$ 199 mil, em 2004, para R$ 4,5 milhões, no ano passado. Um dos convênios, de R$ 436 mil, custeia um livro sobre a história da militância secundarista.

Os números, revelados pelo jornal Correio Braziliense, com base em levantamento no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), mostram que, dos R$ 10 milhões, R$ 7 milhões foram liberados nos últimos 14 meses.

A UNE recebeu R$ 2,5 milhões este ano, R$ 786 mil para shows e debates. Em janeiro, a 6ª Bienal de Cultura da UNE, em Salvador, "maior festival de arte estudantil da América Latina", teve parcerias com a Caixa, a Petrobrás e ministérios.

Os repasses vêm até do Ministério da Saúde, que transferiu R$ 2,8 milhões, em 2008, para uma caravana, com debates e ações em 41 universidades. A maioria da verba, porém, saiu da Cultura, R$ 6,2 milhões. Mas seis convênios teriam sido alvo de tomada de conta especial.

RELAÇÃO CORDIAL

Filiada ao PC do B, a presidente da UNE, que tomou posse em 2008, aos 25 anos, garante que não há nada irregular. Segundo ela, eventuais pendências estão "no trâmite" para serem solucionadas. "Tanto é o cuidado com o dinheiro público que nunca houve uma rejeição de prestação de contas da UNE", salientou.

Indagada sobre a presença do próprio presidente e de ministros em eventos da entidade, Lúcia admite que a relação com a gestão Lula tem sido cordial: "No governo FHC, o então ministro da Educação, Paulo Renato, recebeu a UNE uma só ocasião. Agora, temos mais oportunidade, portas de diálogo para apresentar opiniões e, também, projetos." Mas assegura: "Não há constrangimento para iniciativas de oposição." Cita, como exemplos de divergências, o movimento "Fora, Meirelles" e o corte de R$ 1 bilhão na Educação.

O Ministério da Cultura alega que a UNE venceu editais e apresentou propostas ao Fundo Nacional de Cultura, garantindo os convênios. A Saúde divulgou balanço parcial da caravana, que teve, entre outras atividades, 57 debates, com 165 mil pessoas.

A assessoria da Caixa informou que o apoio à bienal, de R$ 30 mil, ocorreu por "se tratar de um grande festival, abrangendo diversas áreas da produção cultural". A Petrobrás considerou a bienal "inovadora e alinhada à política de patrocínios culturais". Ajudou com R$ 100 mil.

Fonte: Folha OnLine

 

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