Economia e Inovação

Por: Sudanês B. Pereira

Economista, com formação na Universidade Federal de Sergipe (UFS), Mestre em Geografia (desenvolvimento regional) e Especialista em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Experiências no setor governamental (municipal e estadual), setor privado (Associação Comercial Empresarial de Sergipe - ACESE e Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo - Fecomércio), foi professora substituta no Departamento de Economia na UFS, pesquisadora e uma das fundadoras do Núcleo de Propriedade Intelectual, hoje Cintec-UFS.

Os Asiáticos Lideram os Melhores Locais (spots) para P&D de Eletrônicos

16/03/2022
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A revista do fDi Intelligence de fevereiro/março de 2022, trás um levantamento muito interessante sobre pesquisa e desenvolvimento na indústria de eletrônicos. Que locais são mais atrativos para atrair um centro de P&D de eletrônicos? Que locais lideram as pesquisas dessa indústria?

De acordo com uma avaliação do fDi Benchmark, uma ferramenta de comparação de locais de investimento, os locais mais competitivos para montar um centro de P&D de eletrônicos estão localizados na Ásia.

O estudo comparou os 100 principais destinos de investimento estrangeiro direto (IED) do mundo na indústria de componentes eletrônicos e avaliou a competitividade de custo e qualidade de cada local para atividades de P&D. Em essência, ele indica as melhores localizações para um centro de P&D de eletrônica, modelado para 50 pessoas, ocupando 2.000 m2 de espaço.

Os resultados revelaram que algumas cidades do leste asiático ocuparam as cinco primeiras posições em termos de qualidade, com Seul no topo do ranking - a capital sul-coreana abriga os grandes campi de pesquisa de campeões, incluindo Samsung e LG Electronics, e foi classificada como o local mais competitivo do mundo para atividades de P&D de eletrônicos -, seguida por Tóquio e três cidades chinesas, Shenzhen, Guangzhou e Xangai. Esse resultado reflete a priorização de P&D dentro das estratégias locais de desenvolvimento econômico, e do desenvolvimento e competitividade das indústrias de insumos e bens de eletrônicos.

A pesquisa cita que o governo sul-coreano investiu em infraestrutura de TI por décadas, além de incentivos fiscais de P&D para multinacionais e chaebols (conglomerados industriais controlados por famílias sul coreanas). Isso permitiu que Samsung e LG se tornassem líderes mundiais em chips de memória, telas e smartphones.

Chama a atenção na lista a cidade de Istambul, que segundo o levantamento possui um ecossistema desenvolvido de empresas de eletrônicos. Fica claro que os clusters asiáticos da indústria eletrônica tornaram-se atraentes para operações de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Ver a tabela 1.

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Tab. 1. Melhores Localizações (qualidade) para Centros de P&D de Eletrônicos.png

De acordo com a avaliação da fDi Benchmark, Chennai foi o local mais barato entre os 100 principais destinos de IED de eletrônicos, com custos operacionais anuais estimados de US$ 1,24 milhão para um centro de P&D, seguido por Penang na Malásia (US$ 1,32 milhão) e outras cidades indianas Gurgaon (US$ 1,53 milhão) e Pune (US$ 1,53 milhão). Ver a tabela 2.

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Tab. 2. Melhores Localizações (custo) para Operação de um Centro de P&D de Eletrônicos.png

Apesar de ser mais barato do que outros locais, a Índia permanece na extremidade inferior das cadeias de valor de eletrônicos. O país sempre foi conhecido por produtos de baixa tecnologia, mas o governo atual está incentivando a pesquisa e inovação na indústria de semicondutores e componentes eletrônicos, uma prioridade nacional. Isso certamente mudará o ecossistema indiano. Segundo um grande distribuidor global de eletrônicos, não há como comparar o que está sendo projetado e trabalhado na China, Japão, Coreia do Sul e Índia, esses são, portanto, os hot spots.

Um fato interessante que a pesquisa encontrou foi que os Centros de Tecnologia em economias desenvolvidas não se saíram tão bem quanto os seus equivalentes asiáticos. Apesar do talento qualificado e da infraestrutura de alto nível, eles são caros. Em Munique, os custos operacionais anuais para um laboratório de P&D de eletrônica são estimados em US$ 6,22 milhões, Paris (US$ 7,48 milhões), Londres (US$ 9,36 milhões) e São Francisco (US$ 9,93 milhões).

Para se ter uma ideia, os dados do fDi Benchmark mostram que o destino de IED nessa indústria vai, em sua maioria, para Ásia-pacífico, a exemplo de da quantidade de projetos de P&D em Bangalore (74), Hong Kong (76), Shenzhen (88), Cingapura (151), Xangai (189), Seul (42). Isso explica o ranking quando vemos a quantidade de projetos sendo desenvolvidos nesses locais.

Na Europa destacam-se os projetos de P&D em Paris (59), Munique (59), Londres (54), Milão (27) e Madri (28). Na América Latina São Paulo lidera com 20 projetos, Santiago (18), Manaus (15) e Rio de Janeiro (11). América do Norte destacam-se Cidade do México com 28 projetos, San Jose (Califórnia) com (20), São Francisco (24), Nova Iorque (18), Monterrey (20). Por fim, no Oriente Médio, Dubai aparece com 111 projetos.

Como já sabemos, pesquisa e desenvolvimento são de suma importância para aprimorar a tecnologia existente e desenvolver novos produtos, ajudando a aumentar a competitividade de empresas e economias. Não custa lembrar que a eletrônica sustenta quase todos os dispositivos e sistemas em uso hoje. Os investimentos nesse segmento mostram onde a tecnologia está sendo desenvolvida e porque esses locais são tão competitivos.

Excelente semana!