Trechos da Estrada Real de Sergipe Del Rey são localizados pela fiscalização
Caminho histórico de transporte de cargas no Brasil Colônia estava identificado em registros históricos desde o século XVII e tem grande potencial turístico
A Equipe Espeleologia e Arqueologia da Fiscalização Preventiva Integrada do São Francisco (FPI) identificou trechos da Estrada Real de Sergipe Del Rey no município de Capela. O caminho histórico aparece em documentos desde 1653, e era utilizado para escoamento de cargas. Na época, a denominação Estrada Real identificava os caminhos oficiais para circulação, com cobrança de pedágios e impostos pela Coroa Portuguesa. Os trechos, de grande importância para a História de Sergipe e do Brasil, nunca haviam sido analisados em campo por equipes técnicas. A FPI é uma ação coordenada pelos Ministérios Públicos Estadual e Federal e com apoio do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Segundo a arqueóloga do IPHAN, Míriam Cazzeta, que estuda Estradas Reais há 14 anos, a Biblioteca Nacional tem o registro de um mapa da Estrada Real de Sergipe Del Rey datado de 1886 que indica um caminho que seguia de Aracaju, Capital de Sergipe, até Penedo, em Alagoas, passando pelos municípios de Capela, Muribeca e Aquidabã. “Como esta 4a etapa da FPI se concentra nessa região, vimos a oportunidade de buscar os trechos da estrada, com este mapa em mãos”, contou.
A busca pelo caminho real incluiu sobreposição do mapa antigo e dos atuais registros da região, além de entrevistas com a comunidade local. Nas pesquisas de campo, a equipe localizou vários trechos da estrada ainda em uso, inclusive um localizado dentro da Refúgio da Vida Silvestre Mata do Junco. Com uma área total de 894,76 hectares, a Mata do Junco é o segundo maior remanescente de Mata Atlântica do estado.
Miriam Cazzeta explica que, além da área de Mata Atlântica, a Estrada Real corta outros pontos de interesse histórico e natural, como as ruínas do Engenho Junco e a antiga estrada de ferro de Sergipe. E que o potencial para localizar mais locais históricos de relevância é alto. “A estrada converge para o Rio São Francisco e sabemos que nesses caminhos havia pedágios e, nas margens dos rios, os portos reais. A identificação desses pontos se dará em uma fase mais avançada do projeto”, completou.
A procuradora da República e coordenadora da FPI Lívia Tinôco destaca o potencial turístico do achado. “A região da Estrada Real de Sergipe é extremamente rica em atrativos históricos, culturais e naturais. A possibilidade de criar um roteiro que una a Mata do Junco e a Estrada Real, por exemplo, traz uma oportunidade de desenvolvimento sustentável com envolvimento da comunidade local na atividade turística”, explicou.
Registro – A arqueóloga Miriam Cazzeta explica que o registro da Estrada Real para proteção dos bens históricos e culturais deve exigir novas ações do Instituto Patrimônio Artistíco e Histórico Nacional (Iphan). “É importante proteger esses bens garantindo, além da preservação, as atividades econômicas que possibilitem não só o desenvolvimento mas também a proteção da Estrada Real”, destacou.
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