Barracos começam a ocupar área de preservação ambiental na Coroa do Meio

Quem reside em frente ao mangue também contribui para a degradação do meio ambiente jogando lixo e desmatando a área para uso de interesse particular

30/09/2015 22h11
Barracos começam a ocupar área de preservação ambiental na Coroa do Meio

 

Alguns barracos já começam a ocupar irregularmente o manguezal do bairro Coroa do Meio, às margens da Rua Jornalista João Batista Santana, em Aracaju. Até o momento, foram observadas a instalação de dois barracos, mas existe também um terreno que foi cercado e desmatado dentro do mangue. Uma das pessoas que observou o início da ocupação e inclusive já fez denúncias aos órgãos de fiscalização foi a presidente do sindicato do Enfermeiros de Sergipe, Flávia Brasileiro.


 “O mangue da Coroa do Meio vem sendo destruído na cara de todo mundo pela própria população. Hoje já temos novos moradores, invasores dessas áreas de preservação, destruindo o mangue, queimando, e nada é feito. Vão se instalar enquanto moradia, pleitear casas perante a prefeitura e se brincar daqui a pouco temos nova favela dentro do mangue e ele será novamente aterrado”, diz Flávia.

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Aos poucos, habitações começam a chegar ao mangue

De acordo com ela, que reside próximo à área que está sendo devastada, o primeiro barraco foi construído em frente ao Sindifisco. “O segundo barraco se instalou logo adiante.  Já o terreno, foi desmatado, queimado e agora está inclusive com cerca e numeração”, denuncia.


Mas os problemas não terminam por aí, segundo a enfermeira, próximo do museu do mangue existe muito lixo. “Depois da retirada das caçambas de lixo pela prefeitura, a população começou a jogar lixo e móveis velhos dentro do próprio mangue. Além disso, estão devastando parte da área para a plantação de jardins. Existe um morador que até limpou uma área para usar de pasto para ovelhas e outros que usam o espaço para montar coxias para cavalos”.


Flávia também questiona a inutilidade do Museu do Mangue. “O Museu não tem exposição nem atrativos turísticos. Não existe uma ação que se reverta em preservação e também não há projeto algum relacionado aquele prédio, que permanece fechado. Fora os riscos que os guardas municipais se expõem para proteger o local da invasão dos marginais”.


Fórum


O coordenador do Fórum em Defesa da Grande Aracaju, José Firmo, que debate o planejamento urbano desta capital, diz que essa não é a primeira vez que o mangue naquela região sofre degradações. Ele lembra que por volta do ano de 2005 houve um esforço por parte da prefeitura de Aracaju para retirada de palafitas instalados no manguezal.


“Inclusive, na época, as famílias retiradas do local, foram encaminhadas para moradias dignas. Elas foram instaladas em habitações que ficam do lado oposto ao mangue. Houve uma preocupação em se proteger o entorno do manguezal. Agora, era de se esperar que houvesse uma fiscalização que impedisse qualquer família de voltar a ocupar aquela área”, observa.


Firmo acredita que esta ocupação no mangue da Coroa do Meio seja recente. “Só tomei conhecimento da ocupação no local depois da denúncia da Flávia nas redes sociais. É difícil controlar esse tipo de ocupação devido o déficit habitacional existente, mas é necessário que exista fiscalização”, pontua o coordenador do Fórum em Defesa da Grande Aracaju.


Prefeitura de Aracaju


Entramos em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Aracaju que encaminhou a denúncia à Secretaria Municipal da Família e da Assistência Social. A assessora de comunicação ligada do órgão, Conceição Soares, nos informou que a secretária municipal da Família e da Assistência Social, Selma Mesquita, assim que tomou conhecimento desta denúncia, contactou o secretário municipal do Meio Ambiente, Eduardo Matos, e o comandante da Guarda Municipal de Aracaju, Coronel Enílson.


“Esse contato teve por objetivo fazer com que sejam tomadas as providências para que se evite a formação de uma nova invasão. A secretária informa ainda que a Prefeitura de Aracaju mantém 1.200 famílias no auxílio moradia, benefício que custa aos cofres municipais o montante mensal de R$ 360 mil”, pontuou Conceição Soares.  

 

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que são realizadas constantes fiscalizações no local e que essa é de fato uma área conflituosa no que se refere a invasões e a degradação do meio ambiente. A Secreteria informou ainda que já nesse sábado deve realizar fiscalizações no local afim de identificar essas novas invasões e a ação de desrespeito de alguns moradores à área de preservação.

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