Você precisa ver pra crer? Veja como São Tomé inspira a busca pela verdade

30/09/2015 22h09
Você precisa ver pra crer? Veja como São Tomé inspira a busca pela verdade
A8SE

 

Você já deve ter ouvido a expressão “Fulano é feito São Tomé: precisa ver para crer". Quem nunca conheceu ou precisou conviver com a teimosia e incredulidade de um São Tómé? Hoje, 3 de julho, é dia de São Tomé. E o portal A8 buscou ouvir um, entre tantos “São Tomés” dos tempos de hoje, e ainda um psicólogo e um padre, para tentar responder uma inusitada questão: Afinal, duvidar de tudo até poder ver e constatar, é uma atitude positiva ou não?

 

Antes disso, vamos conhecer o que fez São Tomé para ser conhecido pela fama de desconfiado. A chave para desvendarmos essa questão está no novo testamento, no evangelho de João 20:24-29. Nesse trecho está destacada uma das aparições mais famosas de São Tomé, quando ele duvida da ressurreição de Jesus e diz que necessita tocar nas suas chagas para ficar realmente convencido. 


Assim como São Tomé, que precisa ver pra crer, o analista de tecnologia, Antônio Fonseca Jr. é conhecido entre seus amigos e conhecidos como alguém que não se contenta com qualquer resposta e está sempre aberto ao debate. Ele explica de onde vem tanto ceticismo.


“Surgiu no tempo da faculdade, quando passei a estudar e questionar mais as coisas. É difícil acreditar em algo que não tenha comprovação ou algum argumento científico. Não sou cético com a religião de modo específico, mas procuro questionar a respeito de tudo”, diz Antônio.

Ao contrário de alguns, que costuma se embasar no ditado de que Política e Religião não se discutem, Antônio não descarta esses temas em suas discussões. “O verdadeiro questionador sabe aceitar a opinião dos outros, ele não está fechado em suas razões, mas aberto à discussão. Procuro apresentar o meu ponto de vista e entender as experiências de vida que levaram àquela pessoa a ter determinada opinião”, conta o analista.


A psicologia também procura entender essa necessidade humana de desacreditar antes de se chegar a uma comprovação. Para a psicóloga Ingrid Mendes, especialista em psicodrama, é importante que a pessoa mantenha uma atitude de fé, antes de se pensar o contrário.

“O ser humano precisa buscar estímulos positivos para viver. Precisa acreditar em alguma coisa, seja em Deus ou qualquer outra forma de espiritualidade e fé. Principalmente nos casos de tratamento e recuperação é necessário manter uma atitude de fé. As pessoas que creem, que acreditam em algo, que mantem uma postura de fé, tem muito mais chances de superar doenças e problemas”, acredita a psicóloga.


Sob os olhos da fé e do questionamento


O frei Anilson Cardoso Vasconcelos, da ordem dos Capuchinhos, faz um releitura da figura de Tomé e de sua atitude questionadora. De acordo com o frei, embora Jesus tivera afirmado aos apóstolos que teria de passar por sofrimentos e vir a ressuscitar, Tomé duvidou quando os outros apóstolos falaram que viram o Cristo, vivo novamente.


“No contexto de sofrimento após a morte do senhor, era difícil para Tomé acreditar apenas no relato dos outros apóstolos. Ele precisava ver e tocar nas feridas. Ele fez isso e acreditou. A dúvida é necessária. Não a dúvida do mistério de Deus, mas é preciso que, assim como Tomé, não nos contentemos somente com o que os outros disseram, com o senso comum. É preciso duvidar para se aproximar da verdade, para se chegar a uma certeza indubitável e coerente, assim como foi a de São Tomé, diante do Cristo”, analisa o frei. 

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